A radiologia revolucionou a medicina moderna, a indústria e o setor de segurança. Antes do surgimento desta ciência, era necessário abrir o corpo do paciente para descobrir o que se passava no organismo da pessoa. No setor industrial, não era possível fazer as análises técnicas sem destruir as estruturas e na inspeção de pessoas, era usual submetê-las a revistas vexatórias. Entretanto, desde o advento e da profissionalização das técnicas radiológicas, as possibilidades de aplicação tecnológica, de diagnóstico e de tratamento se multiplicaram e foram aperfeiçoadas para melhorar a vida da sociedade.

Contudo, os benefícios da tecnologia exigem uma responsabilidade grande, uma vez que o exercício das técnicas radiológicas se trata de uma profissão com alto grau de insalubridade, ou seja, é uma atividade que oferece riscos à saúde e, por isso, precisa ser fiscalizada rigorosamente, para garantir a segurança dos profissionais, dos pacientes e das pessoas que são expostas às radiações ionizantes, nos mais diversos setores da economia.

Para alcançar o objetivo de oferecer serviços radiológicos seguros para a população brasileira, nos dias 14 e 15 de março de 2018, o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) realizou o 9º Encontro dos Fiscais, dos presidentes das Coordenações Regionais de Fiscalização (COREFIs) e dos presidentes dos Conselhos Regionais de Técnicos em Radiologia (CRTRs). Durante o evento, foram discutidos os problemas que afetam a área e quais medidas podem ser tomadas para combater o exercício ilegal da profissão.

O presidente do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) Manoel Benedito Viana Santos conta que a autarquia investe permanentemente na capacitação e na orientação dos agentes fiscais, pois entende que a fiscalização é o melhor caminho para proteger a sociedade da ação de leigos ou de pessoas sem habilitação profissional. “Trabalhamos para garantir que os profissionais que operam os equipamentos de raios X tenham a formação adequada e o conhecimento técnico necessário para não arriscar a própria vida ou a de outras pessoas. Estamos avançando neste sentido”, considera.

Segundo o presidente da Coordenação Nacional de Fiscalização (CONAFI) Luciano Guedes, o evento serviu para o compartilhamento de informações estratégicas, para a sistematização das ações de trabalho e para o aperfeiçoamento tecnológico do sistema de fiscalização. “Tivemos uma programação bastante rica, com a participação de representantes de todo o país. Ensinamos exatamente como deve ser feita a fiscalização, principalmente, no setor industrial, que está em franco crescimento como mercado profissional. Atingimos os objetivos da capacitação e vamos oferecer uma fiscalização melhor à sociedade, além de dar uma contribuição importante para a valorização da nossa profissão”, assegura.

O agente fiscal Tiago Jasper, do CRTR de Santa Catarina, aprovou a capacitação, mas lamenta as dificuldades que ainda encontra para fiscalizar. “Eu fiz o curso de radiologia industrial para entender melhor a área e para fazer bem o meu trabalho. Mas, por intransigência ou ignorância de alguns setores do mercado, ainda encontro dificuldades para acessar os serviços e fiscalizar. Já até sofri ameaças, mas sempre busco cumprir a missão da melhor forma possível, mesmo que seja necessário pedir o reforço da polícia”, diz.

As fiscais Célia Lima, do Rio Grande do Sul e Ana Paula Oliveira França, de São Paulo, são agentes há cerca de 10 anos e trouxeram a experiência que possuem na área para compartilhar com os colegas. “Nossa cultura de fiscalização já é antiga e conseguimos fazer um bom trabalho em nosso estado. A categoria colabora com as denúncias e conseguimos manter o controle da situação”, afirma Célia. “Aprendi muito aqui e vou transformar o conhecimento em ação prática”, diz Ana Paula.

Por outro lado, o agente fiscal Valdirceu Siqueira, de Goiás, reclama dos obstáculos que ainda enfrenta para fazer o trabalho. “Mesmo depois de obter uma decisão da justiça federal, eu continuo sendo impedido de entrar nas clínicas de radiologia odontológica. Na minha última rota de fiscalização, incluí 38 empresas no roteiro e apenas uma aceitou a minha entrada sem impor dificuldades”, desabafa.

De acordo com a supervisora nacional de fiscalização do CONTER, Luciene Maria do Prado, os primeiros fiscais da profissão são os próprios profissionais. “Ao tomar conhecimento de um caso de exercício ilegal, o profissional deve levar a situação imediatamente ao conhecimento do Conselho Regional. Se o problema não for resolvido, a denúncia deve ser enviada ao Conselho Nacional. Não podemos desistir, para resolver os problemas complexos precisamos mobilizar todas as pessoas”, finaliza.